Remar contra a maré
Até hoje ainda só consegui assistir a versão de 1995 e a de 2007 de Persuasão. Apesar de saber que a preferência geral vai para a versão de 1995, eu remo contra a maré: gosto mais da versão de 2007.
Do meu ponto de vista, Sally Hawkins consegue criar uma Anne Elliot completa. Ela consegue transmitir a resignação, a tristeza, a solidão da personagem num só olhar. Para além disso, ela personifica a doçura e a suavidade de carácter de Anne. De igual forma, Sir Walter Elliot e Miss Elizabeth Elliot parecem-me ser melhor retratados nesta versão, principalmente no que diz respeito à frieza e ao egocentrismo que os caracterizam.
Eu sei que neste filme de 2007 algumas cenas afastam-se da obra literária em si mas, confesso, que esta versão fala mais ao meu coração. O desenho dos personagens, a fotografia, o guarda-roupa e a banda sonora criam na minha mente todo o cenário e percurso da nossa heroína. Se repararem, o filme tem uma tonalidade sombria e cinzenta; aspecto que é muito criticado sobre este filme. Mas esta subtileza ressalta e reforça como era a vida de Anne e de Frederick separados: fria, cinzenta e triste. Um detalhe acrescentado à história que a enriquece são os momentos em que Anne Elliot aparece a escrever numa espécie de diário. Se, por um lado, permite que se conheça os pensamentos e sentimentos de Anne; por outro lado, leva-nos a identificar Anne Elliot como a própria Jane Austen. Entenda-se que a minha afirmação resulta da minha opinião e interpretação pessoal.