Inauguro o primeiro post que escrevo, contando-vos como conheci Jane Austen e este blog. E apresentando-me, claro está.
O meu nome é Fátima, tenho 31 anos, vivo em Coimbra e trabalho ao lado de colegas que estudam com detalhe a vida desta e de outros escritores. Apesar de tudo, não foi por eles que conheci esta peculiar mulher, mas antes por um mero acaso. Andava eu a perscrutar as novidades de cinema que tinham saído na FNAC, quando me deparei com o filme “Sensibilidade e Bom Senso” com a Emma Thompson e a Kate Winslet. Como adoro os desempenhos de ambas as actrizes, resolvi levar o dvd para casa e a surpesa foi total! A partir daí Jane Austen foi uma escritora a descobrir. Obrigatória.
Foi também por um acaso parecido que descobri este blog, o qual achei uma “preciosidade virtual” para quem, como nós, partilha esta vontade de saber mais, de discutir, de trocar ideias sobre Austen, a sua vida e a sua obra, em vários tempos e espaços. Por isso felicito a Clara pela iniciativa e todas as outras co-autoras pela dedicação com que diariamente actualizam este cantinho. Contudo gostaria de deixar uma questão: será que Jane Austen é uma escritora para mulheres? É que os comentários são, se não me falha a memória, assinados por nomes femininos, os posts também. Partindo da célebre conversa entre Anne Elliot e o Capitão Harville pergunto: serão as reflexões Austerianas exclusivas do nosso sexo?
A par de Lady Russell, Mrs. Croft tem um carácter muito sólido, e em certos aspectos muito mais desenvolto e infinitamente mais aberto que a própria Lady Russell; é, como li algures (foram muitos os artigos que passei por revista), uma alternativa para Anne ao modelo adulto feminino que lhe é apresentado pela mão de Lady Russell ou Mrs. Musgrove.
Mrs. Croft é uma personagem de carácter forte, é uma mulher inteligente e muito confiante, é isso que mostra a propósito do argumento que apresenta a Wentworth, aquando da sua discussão a respeito das mulheres nos navios - Capitão Wentworth tenta argumentar de que as mulheres são criaturas sensíveis como flores e que devem ser poupadas da vida rude e dura do mar, ela contrapõe dizendo que as mulheres são seres racionais e que ninguém espere que elas desejem permanecer em águas calmas toda a vida.
“Pareceu-me uma mulher muito bem-falante, gentil, perspicaz (…)”
“Nem muito alta nem muito gorda, tinha postura, rectidão e vigor na sua forma, o que lhe dava uma certa importância. Tinha brilhantes olhos negros, bons dentes, e no conjunto uma face agradável; embora a sua complexidade se apresentasse bronzeada e um pouco maltratada pelo tempo, como consequência dos anos passados ao lado do marido no mar.”
“As suas maneiras eram muito abertas, fáceis e decididas, como de alguém com total confiança em si própria e sem dúvidas sobre o que fazer, contudo, sem qualquer rudeza e sempre de bom humor”