DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #31
- Sensibilidade e Bom Senso (2008) | 8 -
- Charity Wakefield –
Charity Wakefield tem os elementos essenciais para ser a imagem de Marianne Dashwood: aparenta ter 16 anos e tem beleza. Ela confere à personagem alguma frescura, vivacidade e impertinência típica de uma adolescente. Não podemos esquecer isto: quando Jane Austen escreveu sobre Marianne expressões como “she was everything but prudent. (…) the excess of (…) sensibility.” ela, no fundo, definiu uma típica adolescente. Alguém que sente e que defende as suas ideias preconcebidas como verdades absolutas. Charity Wakefield incorpora este aspecto, da adolescente cheia de certezas, com alguma precisão. A meu ver, este é o melhor aspecto da sua prestação.
Pessoalmente, eu decifro Marianne Dashwood como uma jovem cheia de paixão. Tudo o que ela diz, pensa, sente e faz é imbuído de paixão; seja pela positiva, seja pela negativa. Se ela ama, é com intensidade. Se ela despreza, o é também na mesma medida de intensidade. Não lhe encontramos meio termo nem sentimentos mornos. Seguindo esta linha de raciocínio, Charity Wakefield não é uma Marianne plena de paixão e de intensidade. Não consigo lhe captar a faísca que tem a Marianne que eu leio. De igual forma, não a vejo com o ar embevecido para Willoughby como a imagino. Não a vejo desesperada. Por vezes, os sentimentos parecem-lhe soar em palavras pouco convincentes. Acho que este é o termo ideal: pouco convincente. A sua interpretação não me convenceu na totalidade. Eu diria que é razoável.
Ao longo do percurso da história, permanecia em mim uma pequena esperança de que essa classificação se modificasse. A realidade é que isso não aconteceu.
Não chego a ficar decepcionada com a sua interpretação. Apenas acho que ela ficou aquém do que o seu potencial anuncia.