DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #15
- Sensibilidade e Bom Senso 1995 | 13 –
did you hear about Hugh Grant?
De todos os actores, talvez seja este o mais conhecido de todos pelo grande público. Quem nunca ouviu falar de Hugh Grant? Eu já muitos filmes onde ele participou. Quatro Casamentos e Um Funeral, Notting Hill, O Diário de Bridget Jones, O Amor Acontece, Letra e Música, são alguns dos filmes de uma longa lista de filmes que ele protagonizou. Há três filmes dele que eu gosto muito: Quatro Casamentos e um Funeral, O Amor Acontece e About a Boy.
Mas o que dizer de Hugh Grant em Sensibilidade e Bom Senso (1995)? Ele interpretou Edward Ferrars e fez par romântico com Emma Thompson (Elinor Dashwood). Em poucas palavras: eu não gosto dele a fazer de Edward Ferrars. Durante muito tempo eu não sabia dizer se eu não tinha gostado da actuação dele por a achar má ou se eu não tinha gostado por não gostar do personagem de Jane Austen. Actualmente, tenho a minha conclusão: não é nenhuma das duas alternativas anteriores apresentadas. É uma terceira via.
É verdade que já fazem muitos anos que li “Sensibilidade e Bom Senso” e de, na altura, não ter ficado com uma boa impressão de Edward. Pareceu-me muito passivo. Para quem tem como livro de entrada no mundo de Jane Austen o “Orgulho e Preconceito” é quase impossível não comparar Edward com Darcy e pensar “como assim?”. Não consegui compreender como Elinor, uma mulher desenhada por Jane Austen com tanta grandeza, racionalidade e inteligência pôde se interessar por uma pessoa tão sem sal e passiva. Algum tempo depois, assisti o filme ( e isso foi no século passado, nos anos 90… ) e vejo um Hugh Grant ainda mais sem sal, passivo e – a acrescentar - desengonçado. Foi decepcionante.
Hoje compreendo melhor o que não funciona nesta junção de Edward e Hugh. Tenho feito uma interpretação pessoal de Edward que se distancia um pouco da imagem inicial. Edward Ferrars não foi passivo, frio ou distante. Edward foi honrado. Estava preso a uma promessa e foi fiel à promessa até ao fim, até ter sido libertado da mesma. Ao mesmo tempo, foi fiel ao seu sentimento por Elinor e não foi capaz de arrastá-la para um compromisso que não seria capaz de cumprir. Não a quis iludir e enganar. O que faz toda a diferença e o distancia, por exemplo, de um Willoughby (que fez exactamente o oposto).
Hugh Grant parece-me demasiado atrapalhado e desengonçado e não me faz lembrar de todo Edward Ferrars. Por vezes, chega a ser irritante vê-lo a actuar no filme. Já cheguei a dizer que o detestava neste papel, o que chega a ser talvez um exagero da minha parte. Tenho concluído que um dos problemas é não haver química entre ele e Emma Thompson. Há duas cenas em que isto é extremamente evidente: quando Elinor o chama para dizer-lhe que o Col. Brandon lhe concedeu uma paróquia e na cena final em que ele se declara para Elinor. Neste aspecto, a série de 2008 é extremamente superior. Aliás, nesta cena final nem Hugh Grant nem Emma Thompson me convencem.
Acho que Hugh Grant não é “austeniano”. Não sei se estou a inventar um conceito, se ele existirá, mas penso que alguns actores – por muito bons que sejam – não tem o carisma suficiente para transmitir toda a dimensão de um homem idealizado por Jane Austen. Neste sentido, não sei se será correcto dizer que Hugh Grant não concebeu um Edward Ferrars à altura do personagem; ou se, por muito que tentasse, nunca seria capaz de fazê-lo.