DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #9
- Sensibilidade e Bom Senso (1995) | 7 -
Alma
A alma deste filme reside em dois nomes: Emma Thompson e Ang Lee.
Em primeiro lugar, foi Emma Thompson quem se dedicou e acreditou nesta obra ao ponto de levar quase cinco anos a escrever o roteiro. Na sua adaptação, alguns personagens ficaram de fora, como Lady Middleton e a irmã de Lucy Steel; contudo, penso que isso não lhe retira o valor. O facto do roteiro ter o cunho de Emma Thompson explica - e esta é uma suposição minha - o facto de Shakespeare ser uma presença constante através da voz de Marianne Dashwood. Sabemos que Jane Austen não o faz. Mas Emma Thompson tem um passado voltado para as produções baseadas em obras de Shakespeare, principalmente durante o seu casamento com Kenneth Branagh.
Ela não teria a intenção de interpretar o papel de Elinor. Quem a convenceu de tal foi Ang Lee, o director do filme. Ele defendia a opinião de que ela seria perfeita para interpretar este personagem:
"Emma Thompson, who wrote the screenplay, crafted the script intending to cast real-life sisters, Natasha and Joely Richardson (daughters of British actress Vanessa Redgrave) as Marianne and Elinor. However, she was later encouraged to play Elinor herself by director Ang Lee. Thompson was reluctant to cast herself as Elinor, because she thought she was too old (Elinor is supposed to be 19 years old). Lee, who wanted Thompson for the lead, eventually decided to age Elinor's character to 27 years so that modern audiences would understand how Elinor could be considered a spinster. Thompson adds: "With make-up and a good wig I might look young enough." In addition, some of the supporting cast members had to be cast older as well, to balance the 36-year old lead." (trecho retirado daqui)
Chego ao segundo nome, Ang Lee. Quem imaginaria que ele, um cineasta ainda novato e de origem chinesa, seria perfeito para fazer um filme de época inglês? Muitos deverão ter duvidado. Aliás eu li no Eras of Elegance que, até aquela altura, ele nunca teria lido nenhuma obra de Jane Austen. O que demonstra, sem sombra de dúvidas, a qualidade do seu trabalho; já que consegue transmitir o estilo da nossa querida Jane.
Sempre fico impressionada com a qualidade do cenário e da fotografia deste filme. Tratando-se de um filme com mais de quinze anos, é impressionante a actualidade da sua imagem. Por vezes, ao assistir esqueço-me deste pormenor, de como já faz tanto tempo que foi filmado. E isso tem a ver com a elegância que Ang Lee imprimiu à obra. Achei interessante descobrir que ele tenha se inspirado nos quadros do pintor holandês Johannes Vermeer ( a característica principal da sua obra é a forma como utiliza a luz e o jogo com as sombras ) para criar e desenvolver a fotografia deste filme.
São dois nomes, dois estilos, duas assinaturas e um excelente resultado final.