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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Lost in Austen portugal # 7

 

 

 

Henrique era o exemplo do que um homem normal deve ser. Talvez não. Não existem Hoje no mundo homens como Henrique, ou os que existem estão disfarçados, não é políticamente correcto ser-se um homem normal.

Henrique era culto e inteligente, mas descontraido. Era uma pessoa confiante, extrovertido, tinha amigos e gostava de futebol!

Para Henrique o mundo era um local simples e fácil.

 

Pelo menos antes deste afastamento de Cecília, porquê? Será tão complicado assim? Não fazia sentido na sua cabeça que as pessoas criassem muros que não existem. 

 

Cecília fora sempre sua amiga, uma amiga muito querida, mais tarde começaram a namorar, anos a fio estiveram juntos. Ele não sabia viver sem ela, e agora era-lhe pedido que o fizesse! Cecília via sempre o lado negro das coisas, e essa falta de esperança face à vida divertia-o, ajudava-o a encontrar o seu lugar na vida dela. Ele sentia-se necessário para a fazer feliz. Para tudo o resto Cecília era auto-suficiente, a morte dos pais ensinou-a a ser capaz, adulta, responsável! Vivia num mundo em que não havia espaço para incertezas.

 

Ele queria tanto derrubar estes muros, construir um futuro, queria tomar Cecília para si e ser feliz num conjunto! Dar-lhe um pouco daquilo que lhe faltava..  Para Henrique a divisão entre os géneros fazia sentido, ele acreditava que"no casamento um homem deve prover" o suporte "a uma mulher, e esta deve tornar a casa agradável".

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lost in Jane Austen Portugal # 6

 

 

 

 

 

 

É tudo tão mais fácil quando se é criança...

 

As crianças amam sem conceituar, não pensam no que devem sentir, limitam-se a sentir. Julgam com os olhos e o coração e muito menos com a razão. No fundo não se cresce...complica-se!

 

Em Cecília esta é uma verdade particularmente presente! Ela não podia casar com ele, amava-o de todo o coração, mas a vida não tomou esse caminho! Não é também que fosse impossível, mas na sua cabeça era-o...

 

Ela não era a pessoa que deveria ser. Ser-lhe-ia impossível não o amar, mas eram tão diferentes. "Toda a gente sabe que um homem solteiro em posse de boa fortuna é considerado um bom partido para casar", e ele era-o. Ele, na cabeça dela eraperfeito! Como atingir o que se esperava dela, ela era apenas uma rapariga confusa, uma boa rapariga mas tão cheia de inseguranças. Não lhe parecia que o amor dele fosse sincero, não que o pudesse julgar por falta de siceridade, mas como acreditar que alguém assim a pudesse desejar para si? E a distância... Ele não ia aguentar a distância!

 

 Se o amava, e ela amava, fez o que devia, libertou-o!

Agora remoia nisso... porquê? Porquê ser infeliz quando a felicidade estava a uma chamada de distância! Não ela não ia ceder, era fraqueza, ela não era fraca, era constante e sólida. Talvez em demasia. Sempre lhe fora dificil entender o mundo das palavras, o mundo no qual Julia vivia perdida. Não! Ela era uma mulher pragmática, vivia e trabalhava com factos concreto. Era economista, o mundo das palavras não era definitivamente o seu.

Talvez por isso o amor a tenha tocado de forma tão inesperada. Sempre achou que encontrasse alguém por conveniência, que neste mundo moderno não havia espaço para o amor, que o casamento e as relações eram contractos... Mas todo este cinismo de pensamentos não se coadunava com o que o seu coração sentia... Um amor forte e transbordante, correspondido!

 

O que a impedia? Não, eles eram demasiado diferentes. Ele era perfeito, ela não!

 

Nunca ninguém entendia esta ideia de Cecília, como era possível que alguém tão inteligente se visse de forma tão deturparda. Ela era bonita, tinha um corpo equilibrado, era refinada e elegante, tinha sido educada com valores e conceitos que não passam de moda, ou que pelo menos não deveriam, no entanto toda esta fé do mundo nela não era suficiente para que se sentisse em si própria como completa e suficiente.