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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

A minha heroína menos Favorita

Já sei que vou ser linchada pela maioria das admiradoras (e admiradores) das obras da Jane Austen, mas confesso... não sou grande admiradora da nossa... Emma. (calma, calma... Não se exaltem)

 

É que até a ingénua e infantil da Catherine Morland me parece mais interessante do que uma rapariga pedulante, convencida e mimada como é a Emma. Considera-se tão importante que até acha que pode decidir o futuro das pessoas sem sequer lhes perguntar se é isso que desejam.  Pode até ter um grande coração. Mas parece-me forçado; tudo nela me parece forçado. Vive e sempre viveu numa redoma de vidro; com o casamento com o Mr Knightley continuará a viver nessa redoma. Queria que ela conhecesse o mundo real, onde não há sedas, fitas, xailes  e vestidos glamorosos. Nenhuma das outras heroínas Jane Austen vive nesta situação confortável, situação que a pode levar a afirmar que não pretende casar-se. Se ela passasse necessidades ou encarasse um futuro decerto mais pobre, de certeza que mudaria de ideias e de comportamento.

 

(Estou perdoada???... )

 

 

Emma Woodhouse - uma snob?

Há uns tempos vi uma série documental sobre o romance inglês. A série é apresentada e escrita por Sebastian Faulks, conhecido escritor inglês. Com quatro episódios, cada um deles refere um elemento, digamos assim, que é comum a vários livros. Geralmente começa com livros do inicio do século XIX ou fins do XVIII até chegar a um livro que seja mais recente.

Num desses episódios o tema eram os snobs e a nossa Emma, foi incluída. Pessoalmente discordo com esta visão, Emma, para mim, é uma menina mimada, caprichosa até, mas acho que não é snob, não na minha visão. E vocês concordam com isto?

 

Já agora fica aqui o programa em que se fala dela. No episódio dedicado aos lovers, foi incluído o Mr. Darcy. De resto, se tiverem curiosidade é só procurar no Youtube por Faulks on Fiction e encontram os quatro episódios, apesar de discordar no capitulo da Emma, é um excelente programa que me deu umas luzes interessantes sobre alguns livros que já conheço e vontade de ler outros dos quais nunca tinha ouvido falar.

 

 

 

No Topo e Abaixo, a Distinção de Classes em Emma de Jane Austen

Título Original: Above and Below, Class Distinction in Jane Austen's Emma

Retirado da Revista Costume Chronicles (Nov-Dez 2010)

Autor do Artigo: M. J. Samuelson

Traduzido e Adaptado por Clara Ferreira

 

 

DOWNLOAD DA REVISTA

 

Os romances de Jane Austen não são normalmente lidos pelos seus comentários sociais, ou por qualquer ideia de como seriam as classes sociais nos inícios do séc. XIX. Contudo, nas entre linhas, podemos encontrar variados pontos de vista sobre diferentes aspectos acerca do quotidiano para além dos jardins. Emma, publicado ainda em vida, pode ser considerado o romance mais provinciano de Jane Austen, confinado ao quotidiano e preocupações pessoais de um pequeno grupo de pessoas. É em Emma que encontramos um comentário distinto da vida social britânica, coisa que não se encontra nos romances daquele tempo.

 

Emma Woodhouse é uma personagem que, quando nos é primeiramente apresentada, tem algo em comum com os Darcys deste mundo. Ela vem do dinheiro, é a filha de um “gentleman”, e é ela a herdeira de uma fortuna muito confortável. Ela não precisa de casar, tal como a mesma o diz – uma característica que a separa de quase todas as outras heroínas dos romances de Jane Austen.

 

 

Emma e Lady Russell, parentes?

Uma vez dei por mim a imaginar uma versão madura de Emma Woodhouse solteira e quem me veio à mente foi uma Lady Russell. Digo isto por ambas terem a tendência (benévola, mas cujas consequências tendem a ser catastróficas) de interferir na esfera romântica e íntima daqueles que as rodeiam; ambas têm um certo “orgulho de classe”; ambas são detentoras de grande fortuna; e se Emma nunca tivesse casado, ou tivesse enviuvado precocemente (até me custa escrever isto!) creio que seria provável encontrarmos nela um carácter mais maduro, mais culto, ainda mais refinado e com uma forte componente de independência – o que a tornaria numa “parente” próxima da minha tão querida Lady Russell. E vocês, que vos parece?

 

 

As melhores Amigas (III)

 

Pensei muito sobre quem poderia ser uma "grande amiga" para Emma. Verifiquei que de todas as outras heroínas de Jane Austen, nenhuma me parecia capaz de gostar de Emma. Creio que Elinor a acharia superficial e mimada; Marianne, detestável e presunçosa; Lizzie, insuportável; Catherine e Fanny apenas a suportariam por ingenuidade; Anne, considerá-la-ia infantil.

 

No entanto, ao rever o filme de 2007 de Persuasão, reparei que Lady Russel podia muito bem ser uma versão daquilo em que se tornaria Emma se não existisse um Mr. Knightley. Aliás, é a própria Emma que nos diz que não pretende casar e ser uma tia rica solteirona. Creio que com os anos, Emma podia muito bem tornar-se numa Lady Russel, também esta tão disposta a aconselhar a afilhada em matéria sentimental.

 

Uma boa associação ou nem por isso?

 


Heroínas vs Vilões

Continuando a ideia do post anterior, artigo que gostei muito de ler, gostava de realçar alguns pormenores.

 

  • Em Sensibilidade e Bom Senso temos John Willoughby.

Em S&S a grande vítima é Marianne Dashwood, embora ele também tenha iludido Mrs. Dashwood. Contudo, Elinor teve sempre "uma pulga atrás da orelha" em relação a ele. E ela, é a única das heroínas de Jane Austen que não caí das artimanhas de nenhum galã (se não estou enganada).

  • Em Orgulho e Preconceito temos Mr. Wickham.

Em O&P toda a família Bennet se apaixona por Wickham, diria ainda toda a Meryton. Mas as grandes vítimas são Lizzie e Lydia, por razões diferentes, é certo.

  • Em Emma temos Mr. Elton e Frank Churchill.

Em Emma, a nossa Miss Woodhouse nunca se sente genuinamente apaixonada por Frank Churchill. Contudo, foi errado da parte dela receber algumas das atenções que ele lhe concedia, e viu-se envolvida em dois circulos amorosos do qual não fazia sentido estar metida mas onde ela prórpia caiu e contribui para - falo de Churchiil-Emma-Fairfax; e Elton-Emma-Miss Smith.

  • Em O Parque de Mansfield temos Henry Crawford.

Em O Parque de Mansfield, Fanny é como Elinor, teve sempre alguma coisa contra Crawford, mas ainda assim, deixa-se levar durante uns tempos, cai inconscientemente na artimanha.

  • Em A Abadia de Northanger temos John Thorpe e Frederick Tilney.

Em Abadia de Northanger, creio que a nossa adorada Catherine nunca gostou genuinamente de Thorpe, o menino dos seus olhos foi sempre Henry Tilney. Frederick entra em cena para corromper a já de si corrupta Isabella.

  • Em Persuasão temos Mr. Eliot.

Em Persuasão, Anne guardou sempre reservas quanto a Mr. Eliot e não se deixou persuadir, embora saibamos que ela própria se imaginou como Mrs. Eliot a ocupar o lugar da mãe, no entanto, o seu coração nunca deixou de bater por Wentworth e não houve Lady Russel que lhe valesse, ela agora sabia o que fazer.


Emma - A mulher

Emma é das mulheres de hoje Austen a "menos perfeita"... É mimada, julga-se superior e pratica o bem não por bondade mas porque, como "menina de familia" tem de o fazer... Estou a ser severa demais com ela?

 

As mulheres em Jane Austen, de uma forma ou de outra, encantam-me, não porque são perfeitas mas sim porque são justas e, mesmo Lizzy que é "tendenciosa" com Mr Darcy e com as meninas Bingley tem um fundo de bondade e ternura constante e que expressa claramente na sua relação com Jane e com o pai; Anne deixa-se "conduzir" pela sua amiga e deixa-se "anular" pela irmã e pelo pai mas é sempre fiel aos seus principios generosos e rectos; Elinor é "uma fortaleza", e é, para mim, a mais perfeita das mulheres de Austen...

 

Mas Emma não... a sua conduta tem como raiz o facto de ser uma "menina de familia", que pratica o bem porque é seu dever, que quer ver a sua "amiga" fazer um bom casamento, cujo alicerce seja não apenas o amor mas também a posição social do "potencial" marido. A forma como a vaidade a leva a ser completamente "conduzida" por Frank Churcill é uma prova de que a sua base não é a bondade e a afabilidade puras mas sim a sua "posição social". Permite a lisonja, presta-se ao papel de ser "exageradamente" cortejada por ele, apenas se ressentindo uma vez dessa atenção exagerada de que era alvo mas de que nunca desconfiou, pois sempre achou que lhe era devida... Por quem mais se poderia encantar Frank Churchill?

 

Aliás acho que esta "fraqueza" de caracter dela e a "rigidez" de caracter de Mr. Knightley tornam a representação dos seus papeis dificeis, dado que facilmente se cai no "exagero" e se tornam os personagens "desagradaveis.

 

Claro que o final em que ela se apercebe dos seus "erros" e melhora, e a nossa simpatia por ela aumenta drasticamente e ela redime-se aos nossos olhos... e Mr Knightley perde o seu ar sério e coloca o seu "ar de apaixonado não retraido"que nos faz sorrir e sonhar!

 

Fui muito severa com a nossa Emma?