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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Shrtstory 2 - Parte 21

Emma estava em êxtase. Uma enorme felicidade transparecia em todas as suas palavras, gestos, movimentos – o Baile estava a ser um sucesso!


Na pequena pausa da banda, os diferentes convidados dispersaram da pista de dança e formaram pequenos grupos de discussão e conversa. Junto ao piano, podíamos encontrar Mr. Darcy numa educada discussão com Sir Bertram e o Almirante Croft sobre as transações mercantes à qual assistia interessado John Knightley com um copo de ponche na mão. Sir Bertram, aceitara sem demora o convite de Emma e foi com muita emoção que reencontrou o seu amigo Mr. Woodhouse. Trouxera com ele a sobrinha, Fanny Price, que só muito recentemente fora apresentada à sociedade.


Também perto do piano encontrávamos um grupo feminino muito animado, composto por Marianne Brandon, Catherine Thorpe e Kitty Rickmansworth, irmã de Elizabeth Darcy, que estava temporariamente em terra com o marido, o Capitão Rickmansworth, conhecido e companheiro de Wentworth, pois dentro de uma quinzena partiriam para as índias Orientais. Emma não percebeu muito bem do que tratavam, mas pareceu-lhe ouvir “Olhem bem para o ar enfadado de Mrs. Robert Ferrars!”. E riam animadamente. De facto, Emma reparava agora, Lucy Ferrars estava a ser veemente importunada por, nem mais nem menos do que Miss Bates que enumerava, neste momento, todas as qualidades e habilidades da sobrinha, Jane Fairfax, afirmando peremptoriamente que “Não há nada que a minha querida Jane não saiba fazer! A menina nem imagina a alegria que eu e Mrs. Bates tivemos quando a minha querida Jane se casou com Frank Churchill, mas que sorte!”. Lucy podia bem suportar horas a fio os elogios contínuos e cínicos da sogra, contanto se dirigissem a si ou ao marido, mas ter de suportar elogios alheios era um terrível tormento.


Contudo, Emma não teve pressa em socorrê-la, e juntou-se ao grupo que estava perto da mesa de chá. Elinor conversava profundamente com Fanny Price, que parecia agora estar mais à vontade na companhia de alguém com quem depressa criou enorme empatia. Partilhavam uma enorme serenidade de carácter e uma sólida base moral. Embora agradada, Emma não perdeu muito tempo junto delas, pois ao fim de poucos minutos começou a sentir-se um tanto ou quanto enfadada, um pouco à semelhança da letargia que sentia quando ouvia os sermões na Igreja aos domingos.


Ao longe, reparou em Lizzie, sentada entre Mrs. Weston e a sua irmã, Isabella Knightley. Escutavam todas muito atentamente Mrs. Croft que contava uma das muitas histórias que viveu ao lado do marido nas inúmeras fragatas, mostrando ao mundo o amor incondicional pelo marido.


Margaret Dashwood, Harriet Smith e Georgiana Darcy assistiam divertidas à conversa entre Mr. Woodhouse e Mr. Bennet, pois o primeiro queixava-se constantemente das vagas de frio que assolavam o país e o segundo, corroborava tudo, deixando claro, que era muito rude da parte do Tempo, manter as portas abertas permitindo tais correntes de ar, e perante isso, Mr. Woodhouse acenava muito convicto pois encontrava agora algo para culpar de tamanho frio – o Tempo!


Junto de uma pequena mesa de jogo, sobre a qual Emma se debruçou, encontravam-se os quatro homens casados de fresco: John Willoughby, recentemente casado com Anne De Bourgh, e detentor agora de uma vasta fortuna; Frank Churchill; o Capitão Rickmansworth; e Mr. Crawford, cuja história de amor com Miss Eliza tinha feito correr muita tinta nas páginas dos jornais londrinos, uma vez que Henry Crawford tinha tido a ousadia de desposar uma mulher sem relações e com um passado obscuro e sendo ele um conhecido “quebra-corações” nunca ninguém se havia acreditado que se poderia apaixonar de verdade. Foi com grande custo que voltara novamente à sociedade e isto com grande ajuda do Colonel Brandon que, embora tardiamente, confiou nele e nos sentimentos verdadeiros e justos que nutria pela sua protegida Eliza. Jogando com eles, estava a esbelta e sedutora Mary Crawford que parecia entender-se às mil maravilhas com John Willoughby, aceitando sem dissimulação todas as suas atenções.


Eliza Crawford estava sentada junto de Colonel Brandon que falava com Fredrick Wentworth e Edmund Bertram. E agora que Emma reparava... onde estava Anne Elliot? Perscutou todo o salão mas sem resultado. Mr. Tilney falava, junto à janela, com Mr. Knightley e Edward Ferrars; perto deles, Mr. Robert Ferrars, dissertava sobre algo com Mr. Thorpe, Mr. e Mrs. Elton. Mrs. Bennet ria muito alto com Mrs. Jennings ao fundo do salão tendo por companhia a tímida Anne De Bourgh que parecia prestes a desfalecer, não fosse o solícito Mr. Weston que prontamente lhe ofereceu um cálice de Porto... e ali estava Anne Elliot com Jane Churchill! Que par curioso... de que falariam? Enquanto se dirigia para lá, a sua atenção foi desviada por Lady Russell.


- Minha adorável Miss Woodhouse! – disse sorridente, Lady Russell. A surpresa no rosto de Emma não podia ser maior. Lady Russell pertencia à família materna de Emma, as relações entre ambas nunca haviam sido muito fortes porque, depois da morte de Mrs. Woodhouse, Mr. Woodhouse cortara relações com esse lado da família por entender que tinha sido por culpa daqueles genes que a sua querida Mrs. Kathleen morrera. Todavia, quando Emma viajara até Bath, retomara agradavelmente as relações com Lady Russell. Podemos dizer que eram agora grandes amigas.

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