Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

escrever nas entrelinhas

Este vídeo é pequeno mas bastante valioso. Nele, para além de ser mostrado uma carta originalmente escrita por Jane Austen, é também explicado como ela utilizava cada pedaço - por menor que fosse - do papel. O que para nós é banal, uma folha de papel numa carta, ficamos a compreender que seria para aquela época um artigo de luxo a não ser desperdiçado. Por outro lado, uma missiva - que na nossa actualidade tem decaído da prática social - seria algo valorizado e ansiado. Sendo este o meio privilegiado de partilha e recebimento de informação, eu gosto de pensar que cada carta recebida seria como um tesouro entre mãos. 
Como se constata na explicação, Jane Austen escrevia literalmente nas entrelinhas. O que pareceu-me extremamente interessante...

Top Jane Austen

A minha referência às adaptações dos livros de Jane Austen para o cinema ou para a televisão padece de completude e de justiça porque não tive oportunidade de vê-las todas. Assim, reportar-me-ei apenas às adaptações que conheço.  

  • Adaptação preferida- Sem dúvida Orgulho & Preconceito (O&P), a série da BBC de 1995 com Colin Firth e Jennifer . Recordo-me que tinha acabado de ler o livro quando encontrei, por mero acaso, tal como o livro, a série na prateleira de uma loja. Ao ver a série, sorria, porque me parecia estar a ler o livro novamente. A realização manteve-se muito fiel ao livro, tirando uma ou  outra cena, e isso agradou-me bastante. A Elizabeth Bennet está caracterizada tal como a imaginei e isso foi o que mais pesou. Depois, a fotografia com aquele toque muito britânico também contribuiu para que a série ganhasse a minha preferência. A música é agradável e muito adequada aos cenários de campo que dominam toda a série.

 

  • Adaptação menos preferida- Por oposição à anterior, O&P de 2009. Fui ver o filme ao cinema e saí da sala desanimada. Não gostei daquela Lizzie um pouco patética. Não gostei da fotografia demasiado grosseira e rude (ou realista, dirão alguns). Não gostei da troca de diálogos que fizeram, colocando frases nas deixas de personagens que não eram suas. Contudo, ao revê-la, devo dizer que existem dois pontos de que gostei: a evolução de Lizzie e a segunda declaração de Mr. Darcy. Ainda assim, não é a minha adaptação preferida. O&P é uma referência na obra de Jane Austen e eu gostava de tê-la visto ser adaptada com mais cuidado.

 

  • Adaptação mais próxima do original - Mais uma vez O&P de 1995. É de facto a que mais se aproxima do original, tanto nos diálogos como na sequência das cenas. Quem vê a série, tem a nitida sensação de estar a ler o livro de uma outra perspectiva.

 

  • Melhor escolha feminina nas adaptações- Apesar de gostar da Lizzie protagonizada por Jennifer Ehle, a minha preferência recai sobre Emma interpretada por Gwyneth Paltrow. Gwyneth traz à personagem toda a feminilidade e elegância que Emma tem. Para além disso, interpreta muito bem os ponto fracos de Emma, como sejam o seu mimo, a sua infantilidade e o egocentrismo. Muito leve e muito Emma.

 

  • Pior escolha feminina nas adaptações - Apesar de gostar muito de Emma Thompson, devo reconhecer que ela não terá sido a melhor escolha. Devia ter-se mantido fiel à sua ideia de que era muito velha para o papel quando a persuadiram de que era a pessoa ideal. Peca, no meu entender, apenas por isso - porque é muito velha para o papel de Elinor. Outra adaptação que não me agradou muito, mas que com o tempo aprendi a gostar, foi a Harriet Smith, em Emma, protagonizada por Toni Collette, pela mesma razão que a anterior.

 

  • Melhor escolha masculina nas adaptações- Adorei o Mr. Darcy interpretado por Colin Firth. Ele consegue fazer transparecer toda a altivez e arrogância de Mr. Darcy com mestria. E depois toda a afabilidade e adoração por Lizzie também estão presentes na cena em Pemberley. É um actor muito expressivo que encarnou muito bem o personagem.

 

  • Pior escolha masculina nas adaptações- Sensibilidade e Bom Senso (S&BS) só teria a ganhar se não tivessem também escolhido Hugh Grant para Edward Ferrars. Hugh Grant está habituado a fazer papéis de galã e Edward Ferrars é exactamente o oposto deste tipo de personagem e Hugh Grant não esteve à altura do papel. Por um lado, foi exagerado; por outro, ficou aquém do personagem apresentado por Jane Austen.

 

  • Momento preferido dos filmes- São vários os meus momentos preferidos nas adaptações que conheço. Por isso, não escolho um, mas três. São eles: (1) o momento em que o Coronel Brandon ouve Marianne tocar piano em casa de Sir John Middleton na adaptação de 1995; (2) o momento em que Darcy e Elizabeth trocam olhares de cumplicidade aquando o jantar em Pemberley, em que Miss Bingley (Caroline) faz uma provocação a Elizabeth referindo-se ao facto de Wickham estar fora de Meryton com a milícia; (3) a declaração final de Mr. Darcy, ao amanhecer, na adaptação de 2009, é muito bonita.  

 

 
 

 

  • Melhor cena criada nas adaptações- A cena do encontro de Mr. Darcy e Elizabeth em Pemberley é encantadora e está muito bem conseguida, bem como a cena do lago que a precede.

 

  • Melhor baile nas adaptações- Eu gostei muito do baile em honra de Frank Churcill, em Emma, quando Mr. Knightley convida Harriet para dançar porque os actores dançam com graciosidade e porque se vêem planos de corpo inteiro, ao contrário do baile em O&P, de 2009, que, sendo lindíssimo, peca, a meu ver, por não ter planos mais alargados do baile.

 

  • Citação preferida nos filmes"Quanto mais conheço o mundo, maior é o meu descontentamento por ele" - Elizabeth Bennet

 

  • Melhor guarda-roupa- O melhor guarda-roupa, para mim, é o de Emma (1995) pela sua elegância tanto nas senhoras como nos cavalheiros, sendo que nem os adereços de cabelo foram esquecidos. Por outro lado, mostra muito bem, através do vestuário, a diferença de abastança entre as pessoas.

 

  • Melhor banda sonora- O que mais gostei em O&P 2009 foi a lindíssima banda sonora em que predominam os sons do piano e do violino, dois instrumentos que gosto de ouvir. Contudo, também gostei da banda sonora de Emma (1995), da responsabilidade de Rachel Portman, por ser leve e por se adequar muito bem ao filme.
  • Melhor casting de personagem secundário- Sem dúvida Mr. Collins em O&P (1995). David Bamber concedo-nos alguns bons momentos de humor por ser tão expressivo facial e corporalmente. Vestiu muito bem o personagem criado por Jane Austen. É um excelente actor.

 

 

  • Confissão preferida das adaptações - A última de Mr. Darcy a Elizabeth Bennet, na adaptação de 2009, pelo cenário envolvente e pela expressão de ambos. Gostei da imensa sensibilidade que Mr. Darcy revela naquele momento. E o facto de esta declaração acontecer ao amanhecer, fá-la ainda mais especial, porquanto este é o meu momento do dia preferido. Eu diria que é um momento perfeito. Todavia, também gostei da declaração de Mr. Knightley a Emma pela sua delicadeza.

Revista Jane Austen Portugal - Edição Junho 2011

A 6ª edição da Revista JAPT já está disponível online.

 

Esta edição teve como tema central a obra "Emma" onde analisámos a obra e os personagens.

 

A participação na próxima edição estará fechada, uma vez que a edição de Julho será dedicada exclusivamente às escolhas e opiniões das autoras do JAPT. E por isso mesmo, dado o carácter especial da próxima edição, não estaremos a receber artigos. Todavia, contamos com a vossa participação tanto no blogue como nas edições que estão para vir. 

 

Clique na imagem para fazer o download gratuito da 6ª edição. Espero que gostem e divulguem!

 

As cartas que não se escreveram

Fonte: Feedbackpositivoagora

1) Parque de Mansfield – Porque não escreve Fanny a Edmund para que a fosse buscar a casa dos pais? Perante uma vivência pouco aconselhável nesta última e perante os desenvolvimentos escabrosos em casa dos tios, o seu pedido teria todo o sentido. Além disso, o seu bom senso e discernimento eram essenciais no momento de crise pela qual estava a passar a família Bertram.

 

2) Orgulho e preconceito – Era necessária uma carta de resposta à missiva explicativa de Mr.Darcy. Neste caso, e apesar dos seus motivos legítimos, acho que Lizzy se deixou mover por um orgulho demasiado que lhe podia ter custado a felicidade.

 

3) Emma – No final da história, quando Mr.Knightley vai para Londres durante algum tempo, hospedando-se em casa do irmão e irmã de Emma, não há referência a correspondência trocada entre ambos. Se tal tivesse acontecido, era provável que diminuísse a ansiedade causada pela separação, mesmo que temporária. Mas se calhar o reencontro e o pedido de casamento não teriam tanta graça.

 

4) Persuasão – Falta a resposta de Anne à belíssima carta do Capitão Wenthworth. É certo que Anne não teria tempo nem margem de manobra para responder de forma rápida, porém gostaria de saber como teria ela apresentado por escrito o seu estado de espírito.

 

5) A Abadia de Northanger – De uma forma geral, gostaria que Jane tivesse apresentado mais correspondência pessoal entre Catherine e as amigas ou a família. Talvez me ajudasse a conhecê-la melhor e a apreciar mais a história.

 

6) Sensibilidade e Bom Senso – Gostaria de ter assistido à troca de correspondência entre Marianne e o Coronel Brandon, se é que a houve. Teria Marianne continuado a cultivar o seu espírito romântico no estilo de escrita? Será que o Coronel Brandon nos iria surpreender com uma delicadeza a sensibilidade inusitada?