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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #29

- Sensibilidade e Bom Senso (2008) | 6 -

-  Hattie Morahan #2 –

 

 

 

(foto retirada daqui)

 

 

Ter em mãos o projecto de interpretar alguém tão forte e tão inteligente como Elinor Dashwood não é um empreendimento fácil. O projecto adensa-se se considerarmos a referência de Emma Thompson na versão de 1995 de Ang Lee.

 

Hattie Morahan fez uma escolha consciente: não reviu a versão de 1995 e tentou ao máximo se abstrair da interpretação de Emma Thompson:

"I deliberately didn't watch the film again and decided not to think about Emma Thompson. Because you would go mad. It would distort your work. I thought, it'll be original by virtue of the fact that it's me doing it and there is only one me."

 

Esta decisão poderia ser arriscada mas tornou-se frutífera. Permitiu-lhe trabalhar com mais liberdade e independência. O resultado foi óbvio: uma Elinor bem diferente da versão anterior. A meu ver, um excelente resultado.

 

Quando Jane Austen caracterizou Elinor ela a descreveu, no primeiro capítulo da seguinte forma: 

“Elinor, this eldest daughter, whose advice was so effectual, possessed a strength of understanding, and coolness of judgment, which qualified her, though only nineteen, to the counsellor of her mother, and enabled her frequently to counteract, to the advantage of them all, that eagerness of mind in Mrs. Dashwood which must generally have led to imprudence. She had an excellent heart;—her disposition was affectionate, and her feelings were strong; but she knew how to govern them: it was a knowledge which her mother had yet to learn; and which one of her sisters had resolved never to be taught.”

 

Este parágrafo é importantíssimo na definição da personalidade de Elinor e averiguamos a sua veracidade no concretizar de acções, gestos e palavras da mesma. De igual forma, Hattie Morahan conseguiu transmitir o espírito prático, a capacidade de decisão e o auto-controle existentes em Elinor. Desde o início, vemos a forma como ela se mostra prática e objectiva em meio à adversidade. Perda do pai, fase de luto, declínio financeiro, início do seu primeiro amor, afastamento do seu lar; em todo este processo, Hattie/Elinor mostra a abnegação, a coragem, a determinação e a capacidade de liderança.

 

O factor idade é, nesta série, bem aproximada do que teria concebido Jane Austen. É certo que Hattie não teria os 19 anos de Elinor quando filmou a série, mas aparenta ter essa idade; o que gera identificação com o livro.

 

Devo afirmar que (quase) todas as cenas que considero marcantes na série tem a ver com a actuação de Hattie Morahan. Ela transmite uma contenção de sentimentos mas que estão sempre visíveis no seu olhar. Isto impressiona-me: a capacidade de transmitir sofrimento e angústia através da repressão das mesmas. Uma Elinor com sentimentos intensos mas sem ser piegas. A cada visionamento de Sensibilidade e Bom Senso 2008 encontro novas nuances na Elinor de Hattie Morahan que inspira em mim o desejo de que ela venha a participar de mais produções televisivas e cinematográficas.

 

Com certeza, uma interpretação à altura de Elinor Dashwood.

 

 

 

 

 

DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #28


- Sensibilidade e Bom Senso (2008) | 5 -

-  Hattie Morahan #1 –

 

 

 Hattie Morahan foi a escolhida para encarnar a personagem de Elinor nesta versão de 2008 de “Sensibilidade e Bom Senso”.


Há muitos rostos conhecidos nesta mini-série mas Hattie Morahan representava, para mim, uma novidade. Por curiosidade, fui ver o seu currículo e somente reconheci (de ouvir falar, já que ainda não assisti) duas produções: A Bússula Dourada (2007) e “Lark Rise to Candleford” (2010). Na realidade, no que diz respeito ao cinema e à televisão, o seu currículo não é muito extenso. Isto acontece por uma razão muito simples, ela é basicamente uma actriz de teatro. Melhor será dizer que a carreira dela iniciou-se e focaliza-se mais no teatro.


O seu lar sempre esteve direccionado para a dramaturgia. A sua mãe, Anna Carteret, é actriz; e o seu pai, Christopher Morahan, é director de teatro e tv. Ela privou de todo o ambiente de letras e artes no seu contexto familiar. [ Uma curiosidade, é que uma das presenças na sua casa era a de Lawrence Olivier que, inclusive, a terá ajudado a fazer os deveres de casa. ]

 

Mas não foram os pais, os conhecidos ou os amigos que a terão influenciado no momento de decisão final em seguir a carreira de actriz:

It was not her parents, but a 1994 Hamlet in the West End, with Stephen Dillane as the prince, that really inspired the teenager to act. “It was acting of such truthfulness, as if he wasn’t on stage but in the same room, just talking to you.” When she told her parents of her decision, it was as if she had sensibly decided to join the family firm. You could never say about Morahan that she has had it hard, and maybe that’s why she chases difficulty the way her peers pursue the big money.”


Aos 16 anos ela começou a representar. O percurso natural de frequentar uma escola de arte dramática não foi a opção que tomou. Antes, cursou Literatura Inglesa em Cambridge. Em 2001, ela foi contratada pela Royal Shakespeare Company. Desde então, a sua carreira tem sido discreta, constante e progressiva.

 

 

fontes: Hattie Morahan no IMDB, Hattie Morahan na Hello MagazineWe’re just wild about Hattie Morahan