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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Jane Austen - Que tem de Especial?

Título original: Jane Austen - why the fuss? (Março 2007)
Retirado do site: BBC News
Autor do Artigo: Denise Winterman
Traduzido e Adaptado por Clara Ferreira

Anne Hathaway

Com jornais a desprezar os seus romances, Orgulho e Preconceito a ser votado como o livro mais querido da Nação, Jane Austen volta a ser falada novamente.
Mas para aqueles que nunca leram nenhuma das suas obras, qual é a grande coisa?

Para muitas mulheres, o apelo de Jane Austen está contido em duas palavras: Mr. Darcy.

Certamente ficou afastado do livro, mas quando Colin Firth (Mr. Darcy 1995) saiu do lago numa camisa molhada, conseguia-se ouvir metade da população a aplaudir esta inovação da obra.

Depois desta cena infamante, mulheres por todo lado, solteitas ou não, disseram adeus à sua espera pelo Principe Encantado e começaram a ter de os sacudir debaixo dos seus pés. A partir de agora, queriam um Mr. Darcy. (...)

Mas nem todos fazem parte do clube de fans de Jane Austen. Austen tem o hábito de dividir opiniões, muitas vezes relacionado com a diminuição do género (feminino).

Mas então o que tem de especial Austen?


"Cláustrofóbica"

É na sua criação de personagens, o diálogo inteligente e a ironia com que escreve que Austen se distingue de outros escritores, afirmam os especialistas.

"São simples de ler e têm uma simplicidade que é difícil de conseguir como escritora, Austen teve de trabalhar muito para a alcançar", diz a Professora Janet Tood, a editora geral dos nove volumes da Edição Cambridge das obras de Jane Austen.

"Mas é uma simplicidade superficial, há muito mais a acontecer. Combina o desejo de completude com uma sensação de estranheza que o acompanha. Há sempre uma modificação no final feliz que nos faz regressar à vida real".

Ao fazer com que os seus romances trabalhem em diferentes níveis, consegue fazer com que as pessoas tirem o que precisam deles, dizem os críticos. Podemos escolher ver a política e feminismo neles, mas se não quiser ver esses assuntos pode ser "cego" em relação a eles.

Contudo, não é tudo um mar de rosas. Embora sejam a minoria, Austen tem os seus detractores. E apesar dos estereótipos, nem todos eles são homens.

"Eu penso que ela traí o seu tempo e fico sempre atordoada com tudo aquilo que ela ignora" diz Celia Brayfield, autora e professora na Universidade Brunel. "Ela foca-se pouco na realidade humana. Corrija-me se estiver enganada mas não estava a ocorrer a Guerra Napoleónica na altura em que ela escrevia, e ela não o menciona".


"Território Inimigo"

"Não há pobreza nos seus romances, não há corrupção, ambição, preversidade ou guerras. Certamente que a sua inteligência é encantadora e a sua observação humana é extremamente precisa, mas o mundo sobre o qual escreve é tão minúsculo que o acho claustrofóbico."

É tudo demasiado gracioso e com falta de "manhas", diz a escritora Zoe Williams, que prefere outros escritores do século XIX como as irmãs Bronte."Não sou maluca por Austen. Os romances das irmãs Bronte são "superaquecidos", muito femininos, temos de os olhar nos olhos enquanto os lemos"

"Austen é popular porque qualquer um gosta de um 'bom drama' e com Austen sabemos o que levamos. São-nos garantidos uma mansão, filhas, vestidos e casamentos. Não estamos no meio de autores como Gaskell e Dickens, as suas histórias não são tão bonitas" (...)

"Pouco Sofisticada"

"O tipo de adapatações feitas tornaram Jane Austen num 'tipo'" diz Brayfield. "Eu odeio-as de verdade, mas temos de admitir que fizeram um grande trabalho a vender literatura do século XIX".

"Normalmente os meus estudantes só ficam inspirados com Austen depois de verem um filme das suas obras com Keira Knightley pelo meio". Keira consegue também arrastar outro género de audiência para os filmes - Homens. (...)

Hilton confessa livremento o seu amor pelo trabalho de Austen e afirma que lhe é atribuída uma falsa reputação  ao dizerem simplesmente que ela é uma criadora de "ficção romântica requintada".

"Ela é divertida, seca, irónica - tão divertida como qualquer escritor homem por aí" diz ele. "Ela é mais do que romance, isso é apenas o que desenrola a história. Infelismente, quando adaptado a filme, esses tipos de "temas" são derrubados em favor de um actor bonito a sair de um lago.

"O desafio é levar homens a ler um dos seus livros, muitos gostariam se o fizessem. Eu fui forçado a lê-la na escola e descobri-a dessa forma, mas os homens consideram os seus romances destinados a mulheres e ao território inimigo".

Os críticos têm tendência para ver esta 'imagem romântica' de Austen como uma falha, diz a Professora Todd. Mas dizer que os seus livros são somente sobre mulheres e casamentos representa uma leitura muito pouco sofisticada dos seus romances, diz Williams.

Talvez Austen fosse demasiado judiciosa na sua escolha de tema, diz Gill Hornby, autor de "Jane Austeen: The Girl with the Magic Pen".

"Os seus romances são apenas sobre o amor romântico e a vida em família, e essas são as duas, das poucas coisas, que não mudaram no mundo desde que ela nasceu. Ambas as coisas continuam a absorver-nos e a aborrecer-nos de igual forma. Se ela tivesse escrito sobre as Guerras Napoleónicas, ninguém continuaria a ler os seus romances".

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