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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

O que me marcou em "O Parque de Mansfield"

 

 

Fotografia retirada daqui.

 

"Mansfield Park" é o romance de Jane Austen que menos consenso reúne. São várias as razões. Algumas recaem sobre a sua personagem principal, Fanny Price; outras prendem-se com a postura de Jane Austen face à escravatura e sobre a sua intenção ou não de a mostrar através deste trabalho.

 

Quanto a mim, devo dizer que foi o romance que mais tempo levei a ler. Não teve que ver com o romance em si, mas antes com o facto de querer fazer uma leitura mais cuidada que me permitisse entender ou encontrar as razões para a controvérsia existente em torno deste romance. Não foi difícil. Em boa verdade, Fanny Price não é a heroína mais marcante da obra de Jane Austen nem tem traços de uma Elizabeth Bennet ou de uma Emma. Contudo, a sua personalidade é enigmática devido ao facto de ser muito consciente da sua condição em Mansfield Park e de ser inteligente e perspicaz. E, para mim, é aqui que reside a força desta personagem. Gostei, é claro, de Fanny Price. Arriscar-me-ia a dizer que Fanny foi um ensaio para o esboço de Anne Elliot, heroína de "Persuasão".

 

Mas este romance também reúne consensos num ponto em concreto: é a narrativa mais complexa da obra de Jane Austen tanto pelos personagens que fazem parte da trama como pelos acontecimentos que a constituem. A questão do adultério não tinha sido objeto de nenhum trabalho de Jane Austen. E o facto de haver uma heroína tão diferente das anteriores só enriquece a sua obra.

 

Confesso que gostei de ler "O Parque de Mansfield". Houve personagens que me cativaram, outras que me desiludiram, outras ainda que me irritaram e outras que me fizeram pensar. Entre estas está Edmundo. Quando terminei o leitura do livro fiquei com a ideia de que Edmundo seria a personificação do pai de Jane Austen, pelo menos, parcialmente.

 

Quanto ao final, esperava que, sendo esta uma narrativa diferente, também o final poderia ser uma surpresa escondida com o rabo de fora. Quero com isto dizer que esperava que Henry fosse ao encontro de Fanny apresentando-se como um homem capaz de se dedicar a ela de coração; que a sua vaidade se esvanecesse por força dos seus sentimentos por ela e que Edmundo assumisse uma importância diferente na vida de Fanny.

 

Finalmente, o que marcou mais foi o sofrimento de Fanny quando foi entregue aos tios em Mansfield Park e depois quando regressou a casa dos pais e o facto de ela ter sido tratada mais como uma criada de serviço a tempo inteiro do que como um membro da família. Talvez isto tenha reforçado a minha simpatia por Fanny Price e pelo romance.

 

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