Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Participar

Caras leitoras,

 

Pelos mais variados motivos, o Blogue Jane Austen Portugal esteve "em banho maria", a nossa colaboradora Vera procurou ir atualizando o blogue, e julgo que todas nós lhe agradecemos!

Gostava de anunciar que o blogue irá retomar atividade, não tão intensa como teve anteriormente, mas procuraremos manter a nossa Revista Jane Austen Portugal ativa, procurando por novos artigos!

Dessa forma, e porque algumas das nossas antigas colaboradoras não têm disponibilidade para participar com a mesma constância, procuramos novas possíveis colaboradoras ou colaboradores para iniciar esta nova fase do Jane Austen Portugal.

Para mais informações, enviem email para janeaustenpt@sapo.pt

Longburn Amor e Coragem já à venda!

Longburn chegou finalmente às livrarias! Podem dar um saltinho até à página da Editorial Presença e ler um pequeno excerto.

 

Sinopse: Para todos os que admiram a obra de Jane Austen, esta é uma oportunidade única de revisitar o seu universo, mais concretamente o de Orgulho e Preconceito, mas numa perspetiva completamente nova. Jo Baker conseguiu a proeza de pegar num clássico e reimaginá-lo, com brilhantismo, a partir do ponto de vista dos criados. Enquanto no andar de cima tudo gira em torno das perspetivas de casamento das meninas Bennet, no andar de baixo os criados vivem os seus próprios dramas pessoais, as suas paixões e angústias.

 

À semelhança da obra que a inspirou, também Longbourn é uma história de amor apaixonante e uma comédia social inteligente, que nos dá a conhecer o quotidiano daqueles que serviam nas mansões rurais inglesas do século XIX. Uma obra admirável, que capta na perfeição a atmosfera da Inglaterra de Jane Austen.

 

Considerado um dos melhores romances de 2013, pelo The Guardian.

Longburn de Jo Baker editado pela Presença

Ainda não tenho informações concretas, mas tenho confirmação pela Editorial Presença, via facebook, que este livro vai ser editado cá.

 

Para quem não conhece o livro reconta a história de Orgulho e Preconceito pelo ponto de vista dos criados. Informo as leitoras brasileiras que o livro estará disponivel já amanhã, em edição da Companhia das Letras. Podem ver todas as informações no blogue Jane Austen em Português.

 

Por cá vamos aguardar ansiosamente a edição da Presença e mais pormenores do livro. Assim que tiver informações informarei aqui ou via facebook. Para quem ainda não segue o blogue via face aqui fica o link: Facebook Jane Austen Portugal.

Nova Edição de Orgulho e Preconceito!!

 

 

 

Orgulho e Preconceito chegou hoje às livrarias numa nova edição desta vez pela Editorial Presença.

 

Sinopse: Orgulho e Preconceito é o romance mais conhecido de Jane Austen. Embora o universo que retrata seja circunscrito - a sociedade inglesa rural da época -, graças ao génio de Austen o seu apelo mantém-se intacto. É uma história de amor poderosa, entre Elizabeth Bennet, a filha de espírito vivo e independente de um pequeno proprietário rural, e Mr. Darcy, um aristocrata altivo da mais antiga linhagem. Mas é também uma deliciosa comédia social, à qual estão subjacentes temáticas mais profundas. A sua atmosfera é iluminada por uma jovialidade contagiante, por uma variedade de personagens e vozes que tornam o enredo vibrante e constantemente agitado pelo elemento surpresa, pela genialidade da inteligência e da ironia de Austen.

A presente edição de Orgulho e Preconceito conta com uma tradução de grande qualidade.

 

 

De notar que esta edição a julgar pelo excerto do site está cheia de anotações que enriquecem a experiência de leitura.

 

 

imagem e sinopse retirados do site da presença.

Jane & Julia: Estilos de Escrita e Enredos

Continuamos a falar sobre as semelhanças e diferenças entre Jane Austen e Julia Quinn. Depois de uma perspectiva mais geral, a Patricia do Chaise Longue hoje escreve sobre os enredos e a escrita das duas escritoras.

 

 

 

 

 

Ora, se a crítica social está presente em ambas as autoras acaba, contudo, por revelar-se mais acutilante em Austen do que em Quinn. Já as tiradas sarcásticas em forma de humor são fortemente marcantes nos livros de ambas. A subtileza com que a autora de Orgulho e Preconceito consegue ridicularizar os defeitos e virtudes das suas personagens é, sem sombra de dúvida, um dos maiores encantos das suas obras e, uma das razões do seu grande sucesso. O seu humor ímpar, no qual a ironia é tão deliciosamente usada, é algo difícil de imitar mas a autora da série Bridgerton consegue-o, senão da mesma maneira, talvez de uma forma mais divertida e descarada, onde sobressaía o seu humor negro e que abandona a subtileza mais estudada de Jane. Ambas tendem, no entanto, a não dispensar cenas divertidas e, por vezes, soberbamente ridículas, tanto para castigarem como para fazerem sobressair certas personagens.

Esta conjugação de humor e romance que podemos encontrar nos livros das duas autoras, são uma das razões porque estes se destacam e, porque leitoras em todo o mundo se sentem irresistivelmente atraídas para eles. O romance, o outro elemento dos seus livros em que ambas são mestras, demonstra que mais do que amantes de uma boa risada, tanto Jane como Julia são românticas incuráveis. As suas histórias de amor são feitas de obstáculos mas, geralmente, estes acabam por surgir por parte dos próprios protagonistas que, geralmente, fazem parte de estratos sociais diferentes ou tem opiniões contrárias sobre determinados assuntos, o que faz com que antagonizem um com o outro, sendo por isso, mais culpa deles do que dos outros os atritos na relação. Não que não haja sempre inimigos contra a relação, só que ao contrário do que acontece noutros romances do género, esta inimizade não é tão responsável como a fricção entre o par romântico. Tanto Quinn como Austen, preferem utilizar uma fórmula que acaba por nos chegar mais rapidamente ao coração, a de duas pessoas que conhecem os defeitos do amado, que tentam compreendê-los e acabam por aceitar que estes fazem parte do seu todo.

Esta aprendizagem acaba por resultar não em paixões imediatas mas em amores que crescem e fortalecem-se, resultando em relações estáveis nas quais, existe um respeito mútuo entre o par e não uma submissão da parte feminina ou uma total adulteração das personalidades pós-apaixonarem-se. Este tipo de relação que ambas privilegiam acaba por soar muito mais consonante com a realidade do que muitas outras relações literárias, pois nem todos os amores são feitos de relâmpagos intensos e, tornam os seus “felizes para sempre” um prémio merecido pelos protagonistas e não, uma garantia logo de início. Não, as suas personagens esforçam-se para os ter e nós, leitoras, saboreámos esses finais de uma forma totalmente diferente.

 

Se o casal principal tem de merecer o seu final feliz, também as outras personagens devem às suas personalidades, ou melhor, aos seus defeitos e qualidades, os fins que merecem. Não se pode dizer que Jane e Julia gostam de vilões a sério, ambas têm uma percepção da natureza humana demasiado real para dividirem as suas personagens em boas e más, contudo, existem nos seus livros, personagens que se podem gabar de uma moral mais elevada e, outras, que não conseguem evoluir para fora dos seus preconceitos. Estas, nunca sofrem um castigo demasiado cruel porque os protagonistas são demasiado sensatos para isso, mas recebem sempre uma lição que nunca irão esquecer e, aqueles que se portam bem, ganham sempre um prémio de alguma maneira.

No entanto, para mim, há algo de primoroso que estas autoras partilham, mais do que tudo isto: a forma como desenvolvem as relações familiares. Nos livros destas autoras, tanto podemos encontrar uma família perfeita, uma família que nos envergonha, uma família que não nos dá o devido valor, uma família que não nos aprecia ou uma que nos adora mas não nos compreende. Ambas exploram as relações entre pais e filhos, irmãos, tios e primos, de uma forma real e humana, de uma forma que diz algo a todos nós. É delicioso como elas compreendem a lealdade, a inveja, o carinho e a indiferença dentro dos núcleos familiares. É irresistível como conseguem transmitir-nos a ideia do irmão mais velho, do mais novo e o do meio. Do filho preferido e do menos preferido. Da mãe amiga e da que só dá dores de cabeça. Aqui, para mim, jaz a maior semelhança entre as duas autoras e o que as torna tão únicas. A preocupação mútua em transmitir os sentimentos que unem as várias personagens, as suas ligações familiares e a sua aprendizagem comum do que, como acontece na maior parte deste tipo de romances, apenas contarem um desenrolar de acontecimentos que se dividem por romance e mistério.

Quinn e Austen dispensam o mistério. Elas preferem tornar as suas personagens reais, com rotinas normais, ligações verdadeiras e deliciosamente comuns como todos nós.

 

 

 

Imagens retiradas da net

Jane & Julia: As Rainhas do Romance separadas por dois séculos

 

 

Like most authors writing in my time period, I worship at the altar of Jane Austen, and while I do not credit her with the birth of the modern romance novel (what she did and what I do are far too dissimilar for that), she must be acknowledged as the genre's most vital and influential ancestor.

 

Julia Quinn, Comentário na nova edição da Signet Classics de Mansfield Park

 

Jill Barnett, autora de romances históricos, disse em certa ocasião (que infelizmente não consegui averiguar qual) que “Julia Quinn é a Jane Austen da actualidade”. Ora, esta é uma daquelas citações de peso que ficam bem em qualquer capa de um livro. Contudo, ao contrário de muitas que fazem comparações infundadas, esta é uma daquelas que reflecte a realidade - MAS de que maneira?

Apesar da própria Julia constatar o quão diferentes são os seus livros dos de Austen no seu comentário introdutório a Mansfield Park, a verdade é que a autora da série Bridgerton é a que mais se aproxima do espírito da amada autora inglesa, aquela cujo sarcasmo e crítica, juntamente com o romantismo de fazer suspirar os corações mais duros, permitiu às leitoras da actualidade encontrar histórias que se pudessem comparar ou que se aproximassem das incomparáveis obras de Jane. Tal como várias autoras suas contemporâneas, Julia foi influenciada por Austen em vários aspectos, sendo aquela que mais semelhanças acaba por ter com ela, semelhanças essas que vão desde coisas gerais como a época dos seus romances ao próprio estilo da autora. Será então a comparação justificável? Pode-se dizer que Quinn é a Austen do nosso tempo?

 

A Época e a Crítica que lhe é feita

Uma das grandes influências que a autora de Orgulho e Preconceito teve nas autoras de romances históricos de hoje, incluindo em Julia Quinn, foi o retrato da época em que viveu. Não é por acaso que a maioria dos livros do género se passa na Era da Regência, nome dado ao período de 1811 a 1820, quando o futuro George IV governou como Príncipe Regente, e que ficou marcada por múltiplas mudanças políticas, sociais e económicas, pelos excessos dos aristocratas, pelas Guerras Napoleónicas e pelo medo de que a Revolução Francesa tivesse repercussões no povo britânico. Foi também conhecida como uma época em que as artes e a arquitectura foram refinadas e a cultura alcançou grandes conquistas, tendo existido grandes mudanças na estrutura social britânica. Fazendo parte do Período Georgiano, a Regência é conhecida como a época que antecedeu o Vitorianismo.

 

Ora Jane, nascida em 1775, morreu em plena Regência, e os seus romances são quadros reais e vívidos da sua época, bem como críticas sociais a um determinado grupo social da hierarquia britânica. Onde é que isto se nota nos romances de Quinn? Tendo como exemplo a série Bridgerton, que se passa entre 1813 e 1827, abarcando assim o período da Regência e já o reinado de George IV, pode-se dizer que a autora americana, para lá de apresentar histórias românticas, apresenta também uma certa crítica social, como se pode ver pelas crónicas de Lady Whistledown que se apresentam no início de cada capítulo dos livros desta série. Estas crónicas, cheias de sarcasmo e que relembram algumas tiradas mais irónicas de Jane, servem para nos apresentar a sociedade em que as personagens se movem, os excessos, as relações entre si, os meios como os aristocratas se evidenciam - que também podem ser notadas através de algumas personagens, que pelos seus defeitos ou qualidades, representam o pior e o melhor da sociedade da Regência.

 

 

Enquanto a autora inglesa evidenciava nos seus romances a burguesia (comerciantes, maioritariamente párocos) e, por vezes, uma pequena aristocracia, a autora americana, muito ao contrário da maioria das autoras de romance histórico, escreve sobre a pequena aristocracia, sendo a família principal da série Bridgerton uma família importante no meio da sociedade londrina e com alguma influência; no entanto, em termos de hierarquia social, pertence à pequena aristocracia pois o título visconde, utilizado pelo chefe de família, é de pouca importância e bastante banal. Apesar de cada uma preferir um estrato diferente, Jane porque era aquele em que vivia e que melhor conhecia, Julia porque é mais fácil e menos propício a dar erros ou grandes asneiras, a verdade é que ambos se aproximam de alguma forma e essa é uma das parecenças que Julia partilha com Jane que a maioria das autoras não.

 

A crítica social é de facto mais acutilante em Austen do que em Quinn, no entanto, pode-se dizer que mais nenhuma autora da actualidade demonstrou conhecer ou importar-se tanto com os defeitos da sociedade da Regência como Quinn, já que não só na série Bridgerton isto acontece. Também no romance The Secret Diaries of Miss Miranda Cheever, por exemplo, é feitaessa demonstração dos defeitos da sociedade dessa época, prova que, propositadamente ou não, Julia Quinn não esquece os defeitos desta sociedade, bem presentes na obra de Austen.

 

 

 

 

 

 

 

Próximo Tema:

 

Estilos de Escrita e Enredos

 

Como a ironia está presente em ambas as autoras; o que torna os romances de ambas tão especiais para as leitoras; como as personagens de mais elevada moral são beneficiadas e os vilões sempre castigados de alguma forma; a superação e aceitação dos defeitos das partes do casal protagonista; a dinâmica entre eles; como o romance apesar dos obstáculos acaba sempre por chegar a um final feliz; as relações familiares

 

 

Texto escrito pela Patricia do blogue Chaise Longue

Imagens retiradas da net